quarta-feira, 11 de setembro de 2013

CARTA DE MARCO ANTÔNIO SIMON

Aos amigos do blog,

Como a maioria sabe, dia 5/09, foi Dia do Irmão. Confesso que relutei muito em escrever algo, não sou muito dado às redes sociais por ter uma natureza mais reservada. Mas reconheço o quanto é gratificante receber palavras de apoio, o carinho e a solidariedade de pessoas que em diferentes momentos e épocas, participaram e participam conosco dessa imensa jornada que é a vida. Mesmo as que não tiveram contato conosco fisicamente, mas seguem nos dando força hoje, através da internet.
Tenho a felicidade de ter uma família maravilhosa, uma esposa dedicada, dois filhos, pais amorosos e irmãos - Adriana SimonFabio Simon e Patrícia Simon Mattos, que realmente personificam o que é ser irmão de verdade, com os altos e baixos comuns da convivência, mas numa união sincera pelo bem maior da família.
Há ainda, como diz um grande amigo - Edgar Mascarenhas, os irmãos que não são de sangue, mas que por questão de afinidade, temos a felicidade de escolher e passam a ser parte da família, no que incluo Nilton Yamaute e Mauro Misaca, que por muitas vezes, cuidaram da minha família e deram apoio aos meus pais quando eu não pude fazê-lo, por questões de ausência profissional ou por motivos de saúde.
E exatamente no Dia do Irmão, participamos hoje na Tv Record de uma matéria sobre o desaparecimento do meu irmão gêmeo Marco Aurélio. Nem parece, mas se vão já 28 anos de muita saudade e, sobretudo, esperança num retorno feliz.
O carinho da família e dos amigos, principalmente os que conviveram conosco nos tempos do primário e ginásio na escola São José da Vila Matilde, no grupo de jovens Crisálida, no próprio escotismo, os depoimentos e as palavras de apoio ao longo desse tempo me fizeram lembrar tantos momentos felizes, muitos dos quais guardei numa caixinha na memória, sem coragem de abrir sempre, mas que estão lá para lembrar entre a tristeza de não estar partilhando da presença amiga do Marco Aurélio, mas a alegria de termos compartilhado tantas coisas juntos - o que eu espero que venha a se repetir num futuro próximo.
Hoje eu quero fazer uma homenagem a esse irmão - Marco Aurélio - que tanto lutou comigo para seguirmos juntos na vida. Quando nascemos de seis meses e meio, éramos tão pequenos - chegamos a pesar menos de 1 kg cada, que no momento do parto a médica achava que havia só um menino. Minha mãe tinha certeza que eram dois. Eu saí primeiro e Marco Aurélio foi colocado numa lata do lixo com a placenta, a médica só acreditou na minha mãe e percebeu que havia outra criança, quando algo se mexeu. E nós brincávamos que ele havia nascido da lata do lixo.
Fomos batizados na encubadeira, a mão do padre cobria nós dois, nossas chances de vida eram muito pequenas. Ainda em recuperação no hospital, eu estava um pouco melhor, mas o médico disse ao meu pai que dificilmente o Marco Aurélio passaria daquela noite. A única saída era uma injeção de cafeína, que também poderia ser fatal. Meu pai autorizou o procedimento e quando chegaram ao hospital pela manhã, Marco Aurélio estava pulando na minha cabeça. E ele sempre foi mais ativo do que eu. Bendita injeção.
Muito pequeno ainda, Marco Aurélio teve que passar por muitas cirurgias na Santa Casa, por um problema no intestino. Foi muito tempo no hospital, e eu não podia visitá-lo. Quando a saudade apertava, minha mãe me levava pela mão até a frente da Santa Casa, e eu ficava olhando pela janela o quarto onde ele estava, esperando que voltasse logo para casa. Sermos gêmeos foi a melhor coisa que aconteceu em nossas vidas - tentavam nos separar na escola, escapávamos das aulas para nos encontrar; pegamos cachumba e como não parávamos quietos, nos colocaram em quartos vizinhos. E minha tia Arlete conta até hoje que veio nos visitar, descobriram que tínhamos feito um buraco na parede de casa com uma colher, para nos comunicarmos.
E seguimos sempre juntos, somando forças e superando dificuldades. Adorávamos pregar peças nos outros, trocar de identidade, confundir as pessoas. Há fotos até hoje que eu olho e tenho dificuldade em saber quem é ele e quem sou eu. Deixávamos nossos professores e amigos malucos às vezes com essas brincadeiras, mas sempre com alegria.
Ter um irmão gêmeo é mais do que ter um irmão, é ter um super irmão, uma continuidade da sua própria existência. Ficávamos doentes no mesmo dia, os mesmos dentes caíam no mesmo dia, tínhamos às vezes os mesmos sonhos e muitas vezes compartilhávamos os mesmos pensamentos, sem nem precisarmos nos falar. E sinto muita falta dele ao meu lado para partilhar as conquistas da vida, o ombro amigo, o companheirismo.
É por tudo isso, por não haver indício que ele esteja morto, que procuro meu irmão vivo. E ele pode não estar fisicamente aqui hoje, mas está vivo sim, no meu coração e nas minhas lembranças. A você, Marco Aurélio, onde estiver, os votos que esteja bem. E que Deus permita que um dia, retomemos a nossa jornada. Te amo, sempre, irmão.
E a todos os familiares e amigos que têm nos auxiliado a divulgar o caso, nos confortam e incentivam a seguir em frente, muito obrigado pelo apoio. Que um dia possamos celebrar esse reencontro numa grande festa - afinal, como pregam as religiões, somos todos irmãos.


MARCO ANTÔNIO SIMON 

13 comentários:

  1. Olá!
    Emocionante seu depoimento...chega ao coração e à alma dos que o lêem.
    Tomei conhecimento do desaparecimento de seu irmão através do Programa do Geraldo Luiz, na rede Record e confesso que me sensibilizou profundamente. Já compartilhei intensamente nas redes sociais.
    E digo-lhe: no momento em que vivemos, nosso mundo se tornou pequeno demais, as informaçoes correm a velocidades incriveis - por isso tenho fé de que notícias de seu irmão chegarão e sua família terá a paz merecida depois de tantos anos.

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    1. Espero tb que o caso seja solucionado de um vez por todas!!!
      Eu me lembro vagamente do caso, e vi tb no Balanço Geral de SP (sou do RS)fiquei emocionada com a bravura da família que não perdeu as esperanças. Creio que Marco Aurélio possa sim estar vivo, pois sou Kardecista e sei da dignidade de Chico Xavier.
      Muita luz á família e que a reportagem que irá ao ar no próximo domingo ajude e muito a solucionar o mistério.

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  2. Olá, estou acompanhando o caso e espero firmimente que vcs tenham uma resposta para o acontecido... viver assim sem noção do que de fato aconteceu é muito sofrimento. trago aui as minhas orações e a minha esperança de uma resposta... Abraços família Simon.

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  3. Em primeiro lugar gostaria de externar meus sentimentos à família Simon e profunda admiração a esse pai na incansável luta em encontrar seu filho. Em 1983 também fui escoteiro e até 1999 tive o privilégio de participar em grandes atividades. Naquela época ainda havia uma geração de escoteiros com profundo conhecimento das artes mateiras e treinamentos capazes de nos permitir sobreviver tranquilamente, por um bom período em ambientes abertos como florestas e utilizando o que a natureza provesse para sobrevivência em casos extremos. Assistindo à reportagem neste final de semana, me recordei do caso e também da minha expectativa positiva quanto ao aparecimento desse escoteiro ou de ser encontrado (não resgatado), primeiramente por outros escotistas com treinamento superior (sêniores ou chefes pioneiros). Observando as fotos, percebi que Marco Aurélio já utilizava o lenço de seu Grupo, o que confirma sua aprovação em comissão após estágio probatório e comprovação de conhecimentos básicos em como atuar em ambientes abertos. Entretanto, mesmo com o trabalho de equipes profissionais de resgate que não obtiveram êxito na ocasião, nossa expectativa acabou por ceder lugar à frustração, mas não a falta de esperança de que um dia essa história seja solucionada. Diante do mistério desse desaparecimento que deixa tantas perguntas sem respostas, acredito que a confiança em Deus jamais diminua e que sua mão poderosa esteja sempre com esta família.

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  4. https://www.facebook.com/marco.aureliosimone/about

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  5. Prezada familia Simon. Sou advogado em São Paulo, Capital, militante na area criminal. Trabalho na ONG Sociedade Santos Martires, na defesa de crianças e adolescentes vitimas de abuso sexual e violencia domestica. Tomei ciencia do caso e gostaria de contribuir de alguma forma, dentro da minha experiencia na area. Como poderia entrar em contato com voces? Meu email meliunasconsult@gmail.com . Meu fone (11) 9-9129-3836

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  6. Ola, marco, tenho uma pagina no facebook, onde estamos em busca de crianças desaparecidas, vou postar a foto do seu irmão la, qq coisa essa é minha pagina https://www.facebook.com/angelicacostanogueira pessoal é essa é de busca https://www.facebook.com/todosporlukaswesley?ref=hl

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  7. Ola, moro e Marilia interior de São Paulo e temos uma equipe de buscas que atuam aqui na região desde 1992. As ações são todas voluntarias e temos uma parceria com a Policia Militar que repassa as informações de desaparecidos na região. Estamos estudando a possibilidade e ir aí na região tentar trazer respostas a família ainda este ano. Nosso pessoas é treinado em rapel, sobrevivência em mata graças a Deus temos obtido sucesso em nossas ações aqui no interior. Maiores informações (google) ou agsicoe@hotmail.com.

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    1. Oi o tempo passou e só hoje vi seu comentário , também moro em Marília , sou da área jurídica ,o caso foi reaberto . Eu acompanho desde criança o caso .

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    2. Vou acompanhar informações do caso

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  8. NA MINHA OPINIÃO FOI O ESPANHOL JUAN O ÚNICO RESPONSÁVEL, MAS ACREDITO QUE ELE NUNCA IRÁ CONFESSAR. ACREDITO QUE ELE PLANEJOU E CALCULOU TUDO.

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  9. A CHAVE PARA DESVENDAR O MISTÉRIO ESTA NO TAL JUAN, SOMENTE ELE É CAPAZ DE DAR EXPLICAÇÕES, NÃO ACONTECEU ABDUÇÃO NENHUMA PQ NÃO FOI VISTO NENHUMA NAVE ENTÃO AS LUZES SÃO FENÔMENOS FÍSICOS QUE PODEM TER ACONTECIDO. ELE NÃO CONFESSOU NA ÉPOCA DO FIM DO REGIME MILITAR PQ ELE SERIA LINCHADO.

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