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segunda-feira, 13 de junho de 2022

NOVAS AÇÕES

Dia 10 de junho de 1985. Eu e Neuma chegamos a Piquete pela primeira vez. Na noite anterior, por volta de 23h00, tínhamos recebido a notícia sobre o desaparecimento de Marco Aurélio, nosso filho escoteiro, durante jornada ao Pico dos Marins. A história do desaparecimento é bem conhecida, mas a vida da família é pouco conhecida. As pessoas imaginam, mas viver um fato como esse, é horripilante.

Começamos uma nova vida na família. Ela será contada com riqueza de detalhes nos próximos meses, em ações que vamos tornar públicas. Não como lamentos, mas como alerta a líderes escoteiros, chefes de empresas, enfim, quem tem poder de chefia, para lembrar que quando se trata de seres humanos, não se pode errar. Ou acontece isso que aconteceu. Mas renovo aqui meus agradecimentos a cidade de Piquete, aos policiais, mateiros, bombeiros, voluntários, enfim, todos que ajudaram e ajudam até hoje. No próximo dia 17 de junho dois engenheiros e uma psicóloga do Paraná vão ao Marins pesquisar, na região da Cruz de Ferro.

Os Simon's ficam aqui na expectativa.

Abraços fraternos ao povo brasileiro. E nosso perdão a quem errou de forma tão grotesca e gerou essa tragédia.

Ivo Simon


 37 ANOS DEPOIS - POR QUE ACREDITO QUE MARCO AURÉLIO ESTÁ VIVO?



Hoje, 8 de junho, não é um dia fácil para nossa família. Não escrevo isso como um lamento, mas como fato. São 37 anos do desparecimento do meu irmão gêmeo Marco Aurélio, algo que por mais que eu tente expressar em palavras, é difícil quantificar os sentimentos e o impacto que tudo isso tem na minha vida, da mesma forma que certamente afeta os meus irmãos, meu pai, nossa família e todos aqueles que vivenciaram esse drama de perto.
Para quem é de fora desse círculo, é natural que a história gere curiosidade e muitas vezes somos confrontados com perguntas do tipo, para as quais já coloco as minhas respostas:
Você tem ideia do aconteceu? Não.
Acredita em crime por parte do Chefe Juan ou dos escoteiros? Não
Marco Aurélio fugiu de casa? Não
Mas diante de tantos "nãos" - e ressalto, é a minha percepção individual - mesmo sabendo que há 50% de chances de Marco Aurélio estar vivo, acredito com a minha intuição, que ele realmente está vivo. Não por ingenuidade, fé cega, mas por questões que relaciono a seguir:
1 - Até hoje, não há indício material de que Marco Aurélio não esteja vivo. Não foi encontrado nenhum vestígio, rastro de sangue, roupas rasgadas ou qualquer evidência que aponte que ele possa ter sofrido um acidente ou sido vítima de um crime. Ou seja, não há materialidade em contrário;
2 - Após duas sessões nas quais Chico Xavier tentou contato direto com Marco Aurélio, a afirmação aos meus pais foi que ele "só conseguia contatar pessoas desencarnadas". Maior médium do Brasil e reconhecido mundialmente, inclusive com carta psicografada que foi utilizada como prova para inocentar uma pessoa injustamente acusada de crime, é uma afirmação que tem um significado muito importante nesse contexto;
3 - Eu e Marco Aurélio somos gêmeos univitelinos, com semelhança tão grande, que não raro trocávamos de lugar na escola e nas peças do escotismo, e muitas vezes passávamos o dia sem que as pessoas notassem a troca - eu sempre usei óculos e o Marco Aurélio não. E nós nos divertíamos muito com essas situações. E nesses 37 anos, com toda a divulgação em Tvs, jornais, cartazes, APENAS UMA VEZ me perguntaram se eu era Marco Aurélio. Não raras vezes eu lia manchetes nas bancas de jornais, via as matérias em locais públicos e ninguém notava que eu poderia ser o irmão gêmeo ou o próprio Marco Aurélio.
Ou seja, independente de qualquer crença, para mim, a lógica é de que Marco Aurélio possa estar vivo, em algum lugar e passando despercebido. Nossa fisionomia é comum, não havendo nada que nos destaque na multidão, por assim dizer.
Essa é a minha intuição de irmão gêmeo e não tenho respostas para o que aconteceu. Mas acredito, até prova em contrário, que meu irmão está vivo, e vou além: sem lembrança da nossa história e da família. O motivo eu não sei, mas é a minha intuição.
Passei nesses 37 anos inclusive por experiências conduzidas por paranormais, para tentar restabelecer o elo mental que nós sempre tivemos como irmãos gêmeos, sem sucesso. Por diversas vezes ao longo dos 15 anos nos quais estivemos juntos, tivemos os mesmos sonhos, as mesmas percepções e às vezes, nem precisávamos falar para nos entendermos, é como se em nossas mentes compartilhássemos uma área comum. Não posso dizer que isso aconteça com todos os gêmeos univitelinos, mas conosco isso era real, mesmo que sem uma explicação lógica.
Por isso, reafirmo: para mim, Marco Aurélio está vivo em algum lugar desse vasto mundo. Ou até mesmo, em outro planeta. Mas está vivo.
É a reflexão que trago nesses 37 anos dessa história para a qual um dia, espero um dia ter as respostas que tanto esperamos.
Respeito opiniões contrárias e peço apenas que as pessoas tenham empatia pela nossa família na forma de colocá-las, pois os tempos são outros e a imaginação corre solta motivada por séries policiais ou de ficção.
E fica aqui o meu agradecimento a todos que nos acompanham e compartilham dessa busca por Marco Aurélio. Nossa família segue nas buscas e esperamos em breve, anunciar novos passos nessa jornada.
Um abraço especial ao meu pai, que junto comigo representa a parte mais visível dessa história. Mas um abraço ainda mais especial aos meu irmãos Adriana, Fábio e Patrícia, que compartilham conosco tudo isso, inclusive as decisões e estratégias envolvidas para que possamos seguir nessa busca. A todos os demais familiares e amigos, obrigado por todo o apoio e suporte.

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